Conhecida como “Cidade Vermelha” por causa de suas construções em tons de terracota, Marrakech é repleta de contrastes: de um lado Guéliz, conhecida como a “cidade nova”, repleta de avenidas largas e arborizadas, shoppings e hotéis luxuosos, do outro a Medina, a “cidade antiga”, um lugar tão incrível e diferente que até parece de mentirinha.

Cercada por uma muralha, a Medina é repleta de mesquitas e também ruas estreitas e confusas onde ficam comerciantes de todos os tipos de quinquilharias imagináveis.


Lá, atrás de portinhas discretas, se encontram verdadeiros óasis: riads charmosos, pátios repletos de mosaicos coloridos, jardins exuberantes, palácios e muitos rooftops com vista pra comer tagine, cuscuz e tomar chá de hortelã, um dos mais famosos do mundo!
Vá de coração aberto e com certeza terá uma experiência inesquecível!
1 – SE HOSPEDAR NUM RIAD
Um riad é uma casa tradicional marroquina situada dentro das medinas das cidades do país. Muitas delas foram abandonadas entre os séculos 18 e 19 por seus proprietários endinheirados, que se mudaram para cidades mais modernas do Marrocos, como Casablanca.
Em Marrakech, essas propriedades foram adquiridas nos últimos anos por muitos marroquinos e europeus que enxergaram a possibilidade de transformá-las em pequenos hotéis.
Se hospedar num riad torna a experiência na cidade muito mais autêntica.

Porém, não se engane com a fachada simples de um riad, pois por dentro costuma ser um verdadeiro oásis.
Um riad tradicional tem um pátio interno central, pra onde os quartos estão voltados. Pode ter fontes d’agua e/ou pequenas piscinas, alguns ambientes comuns pra descanso e sempre uma decoração charmosa com muita cor e decoração típica.
Recomendo fortemente o RIAD TURQUOISE, onde ficamos hospedados! O atendimento é ótimo, assim como as instalações e o preço (4 noites = 189 euros).
Tem um solarium, duas piscinas bem pequenas e cobertas, várias salas, sofás espalhados pelo pátio e uma essência maravilhosa que não sei explicar de onde vêm…Além disso os quartos são super confortáveis e bem decorados e está super bem localizado, logo ao lado de atrações turísticas famosas como o Palais Badi e o Palais Bahia e cerca de 10 minutos do centro da Medina.
2 – VISITAR O MUSEU DE MARRAKECH
Esse é um daqueles lugares que vale mais a pena conhecer pela arquitetura em si do que pela coleção exposta, que é composta por cerâmicas, jóias, armas tradicionais, moedas islâmicas e documentos históricos (a entrada custa 50 dhs).
Construído no final do século 19 como um riad, onde os cômodos são dispostos entorno de um pátio central, a propriedade passou para as mãos do Governo na metade do século 20.


Mais tarde o local serviu de escola para meninas, mas com o tempo a construção foi se degradando e ficou muitos anos abandonada e sem utilidade. Foi então quando há alguns anos a propriedade foi adquirida pelo colecionador de arte Omar Benjelloun, que iniciou um processo de restauração para recuperar o estilo mourisco original da casa.
O grande destaque do MUSEU MARRAKECH é o pátio central, onde toca música marroquina de fundo e tem um lustre de ferro no centro que é um deslumbre! Foi um dos lugares que mais senti paz em Marrakech.


3 – PASSEAR PELO PALAIS BAHIA
O PALAIS BAHIA (entrada 10 dhs) é resultado da junção de diversas casas antigas que foram agrupadas e reorganizadas em palácio no fim do século 19 pelo arquiteto marroquino El Mekki.
Entre 1894 e 1900 os melhores artesãos do Marrocos trabalharam lá sem interrupção e o resultado é magnífico.

São muitas salas e pátios lindamente decorados nos mínimos detalhes do teto ao chão!
É sem dúvida um dos lugares mais incríveis pra fazer muitos registros da arquitetura marroquina!

4 – CONHECER O ROOFTOP MAIS DESCOLADO (E CONCORRIDO!) DA CIDADE
Andares repletos de ambientes bem decorados te levam até o terraço do NOMAD, o rooftop mais descolado de Marrakech.

São dois níveis de terraço decorados com sofás beges que contrastam lindamente com mesas listradas em preto e branco. O espaço é cercado por pequenas luminárias de palha e tem vista para dentro da confusão da Medina e todas suas antenas parabólicas…rs
A culinária do Nomad é marroquina, porém modernizada… e já adianto que é simplesmente fantástica! Fomos lá duas vezes, uma no meio da tarde para provar os famosos sorvetes artesanais com sabores inusitados (amamos o de chá berbere), que custa 50 dhs e vêm duas bolas e também tomar chá de menta.


Em outra oportunidade fomos lá pra jantar. Duas entradas, mais um prato principal, um acompanhamento, dois sucos, uma água e duas sobremesas saiu cerca de 500 dhs (algo entorno de 50 euros). Tudo extremamente delicioso!!! A salada de lentilha com queijo de cabra e os bolinhos de abobrinha são ótimas opções de entrada 😉
Em volta do Nomad também tem muitos alto-falantes, por isso é incrível estar no terraço quando acontece o chamado para a oração (Adhan).
Esse chamado, que acontece cinco vezes por dia, é feito por homens diversos que chamam os demais homens (apenas eles) para rezar dentro das mesquitas. É um momento super místico pra quem é de culturas diferentes e eu achava lindo toda vez que ouvia, mesmo sem entender nada!
5 – PECHINCHAR NO SOUK
Os souks são mercados tradicionais árabes e o de Marrakech é um dos principais lugares de comércio do Marrocos. Por ali tem muitos produtos de couro, de prata, muitas cerâmicas, luminárias de ferro, doces, óleo de argan (bem típico do Marrocos) e por aí vai…
É uma explosão de cores, de aromas e comerciantes sentados em frente às lojas tentando atrair clientes para começar as famosas negociações. Sim, não há preços fixos, você deve pechinchar e muito…

O proprietário do nosso riad nos contou que geralmente os comerciantes pedem um valor inicial que corresponde ao dobro do valor real do produto. Por isso, não tenha receio de fazer uma contra-proposta inicial bem mais baixa, pois no final da negociação vocês vão se encontrar mais ou menos nos 50% do valor sugerido pelo comerciante.
6 – FAZER UMA TATUAGEM DE HENNA NO HENNA CAFÉ
Atrás de uma portinha discreta se esconde um lugar muito simples, mas como uma nobre missão!

Com o objetivo de promover o turismo sustentável na cidade, o HENNA CAFÉ utiliza somente produtos locais para oferecer refeições saborosas (entradas 20dhs e pratos cerca de 40 dhs), sucos diversos (20 dhs) e chás medicinais (15 dhs) por um ótimo preço.

Ao chegar lá, também é possível escolher entre dezenas de desenhos realizados por artistas do mundo todo para fazer uma tatuagem de henna, produzida diariamente com produtos orgânicos (a partir de 70 dhs).




O melhor de tudo é que toda renda é revertida para comunidades carentes da cidade 😉
7 – TOMAR MUITOS CHÁS DE MENTA
O chá de menta faz parte da cultura e estilo de vida marroquino!
Eles tomam o chá de menta cerca de cinco vezes por dia e dizem que contribui pra auxiliar a digestão, assim como para combater dores de cabeça e nervosismo.

O chá de menta é também símbolo da hospitalidade marroquina e é feito e servido num bule específico – Bule Berber ou Sufi – que são geralmente feitos de latão ou banhados em prata.

Depois são servidos em pequenos copos de vidro, o que dá ainda mais charme ao ritual.
8 – ASSISTIR O PÔR DO SOL A PARTIR DO TERRAÇO DO CAFÉ ZWIM ZWIM
Dos sofás brancos do terraço do CAFÉ ZWIM ZWIM se avista no fim da tarde a silhueta dos coqueiros e de uma minarete (torre de uma mesquita) cercadas por uma luz laranja vibrante!


É o lugar perfeito pra ver o pôr do sol em Marrakech.

O ambiente é super tranquilo, o atendimento impecável e é uma opção interessante pra jantar. A comida é boa e o preço também!
9 – VISITAR O JARDIM DA ANTIGA CASA DO ESTILISTA YVES SAINT LAURENT
Esse deslumbrante jardim criado originalmente nos anos 20 pelo artista francês Jacques Majorelle, foi adquirido na década de 80 pelo estilista francês Yves Saint Laurent e Pierre Bergé, seu parceiro de vida.


Os dois compraram a propriedade para salvá-la de um projeto imobiliário que destruiria o jardim. Eles então restauraram o lugar e YSL acabou passando a maior parte do seu tempo nessa casa.

Após sua morte o jardim foi doado à Fundação Pierre Bergé – Yves Saint Laurent e assim surgiu a Fundação JARDIN MAJORELLE (custa 70 dhs). Sugiro chegar lá assim que abre, pois é um dos lugares mais visitados!

O lugar é lindo, com cores vibrantes e árvores de várias espécies. As cinzas do estilista foram enterradas no jardim e há um mausoléu em sua homenagem.
Lá ainda funciona o MUSEU BERBÈRE (custa 30 dhs), dedicado à história dos povos do norte da África, uma pequena loja de souvenirs, uma loja da grife YSL e um café.
Em Outubro/17 deve inaugurar ao lado do jardim o Museu Yves Saint Laurent, dedicado ao artista. É um prédio super moderno e imagino que será incrível…
10 – ANDAR POR GUÉLIZ
Como eu expliquei no início do post, GUÉLIZ é a parte moderna de Marrakech, com prédios, casas grandes, ruas mais largas e avenidas arborizadas.

Depois de visitar o Jardin Majorelle, pode ser interessante se aventurar um pouco a pé pelo bairro. Uma sugestão é seguir para a PLACE 16 NOVEMBRE, onde funciona um centro comercial.
É bem menos interessante do que a Medina, mas é curioso também ver esse lado da cidade.
11 – TOMAR SORBET DE LARANJA (OU UMA CERVEJA!) NO JARDIM DO HOTEL LA MAMOUNIA
O hotel 5 estrelas LA MAMOUNIA é um dos mais luxuosos da cidade e seu belo jardim é aberto à visitantes! Foi recomendação do proprietário do nosso riad e achamos que valeu a pena!

O jardim em si é bonito, mas confesso que não tem nada de extraordinário. Pra chegar nele é preciso atravessar todo lobby do hotel, que aí sim é “uau”! Já no jardim, seguindo em frente pela rua central, chegamos a um pequeno bar onde servem bebidas e sorvetes!


É um lugar super agradável pra sentar e relaxar entre a natureza e provar um delicioso sorbet de laranja por um preço bem justo (25 dhs).


Se estiver muito calor e quiser aproveitar a oportunidade de tomar uma cervejinha, já que na Medina não vendem bebidas alcóolicas, você pode desembolsar 130 dhs por este pequeno momento de prazer, como foi o caso do meu marido…rs Só pra ajudar na conversão, hoje (set/17) esse valor corresponde a cerca de 13 euros, mais caro do que o preço da cerveja aqui em Paris, que já é bem alto!
12 – CONTEMPLAR O JARDIN SECRET
O JARDIM SECRETO (entrada 50 dhs) é mais um oásis em meio ao caos da Medina.


Na entrada você se depara com chapéus e leques que podem ser utilizados pra passear lá dentro e logo se depara com o Jardim Exótico, repleto árvores e plantas vindas de diversos lugares do mundo.

Mais a frente fica o segundo jardim do espaço, o Jardim Islâmico.
Ambos são recortados por canais d’água e fontes que são abastecidas por um inteligente sistema hidráulico vindo das Montanhas do Atlas.

No final do jardim tem duas salas onde são projetados filmes e materiais sobre a história e construção do lugar.
Também oferecem a possibilidade de você subir na torre localizada na propriedade (30 dhs), que em dias de boa visibilidade tem vista para as Montanhas do Atlas. Não sei se foi pelo fato de estar com visibilidade ruim no dia em que subimos na torre ou pela pouca explicação que o guia oferece lá no alto, mas achei que não valeu a pena subir!

Lá dentro tem um café e uma lojinha simpática!
13 – ALMOÇAR NO LE JARDIN
O restaurante LE JARDIN funciona no pátio de um antigo riad do século 17, que tem uma decoração linda, muitas plantas e uma mini tartaruga (super ligeirinha!) que passeia entre as mesas e os pés dos clientes.



O ambiente é bem agradável, o atendimento é bom e a comida muito gostosa.

14 – FOTOGRAFAR O PÁTIO DA MEDERSA BEN YOUSSEF
Uma medersa é uma escola muçulmana de ensino superior especializada em estudos religiosos, ou seja, no islã.
A MEDERSA BEN YOUSSEF (custa 20 dhs) foi encomendada pelo sultão Abdallah al-Ghalib e concluída em 1565 e se tornou a maior e mais importante medersa do Marrocos.

Ela tem 130 quartos que permitia hospedar no passado até 900 estudantes. É possível percorrer os corredores que levam a esses quartos e até entrar em alguns deles.

Porém o grande destaque mesmo desse lugar, que é considerado um dos prédios mais importantes da cidade, é o belo pátio interno com seus elementos de estilo árabe.

15 – VISITAR AS RUÍNAS DO PALAIS BADI
Visitar o Palácio El Badi significa mergulhar na história do país e mais precisamente nos tempos áureos de quando era comandado pela dinastia Saadi.

O PALAIS BADI (custa 20 dhs), erguido no século 16, foi no passado um dos palácios mais ricos do mundo. O nome “El Badi” significa “o incomparável”, isso porque havia muita riqueza na sua construção/decoração, como piscinas gigantes e peças em ouro e cristal.


Com o passar do tempo foi abandonado e seus materiais foram sendo saqueados, e hoje o que resta são muitas ruínas.
É preciso usar um bocado de imaginação pra pensar como de fato ele era no passado, mas vale a pena a visita por sua importância histórica.

16 – PASSEAR PELA CAÓTICA PRAÇA JEMAA EL-FNA
Essa é a praça central da Medina, que por sua vez é um dos cartões-postais mais famosos da cidade.

Durante o dia no centro da praça tem várias barraquinhas de comidas e bebidas, mas fomos orientados fortemente pelo proprietário do nosso riad a não comermos lá. Segundo ele, muitos comerciantes da praça reaproveitam a comida não vendida dos dias anteriores. Junte a isso um calor infernal que faz por lá, já viu o resultado né? Ele falou que muitos turistas acabam passando mal por intoxicação alimentar.
Se fizer questão de comer na praça, tem diversos restaurantes no seu entorno, alguns inclusive com terraços, como o Café de France e o Café Argana, mas ali o preço é mais alto por justamente ser na praça mais turística da cidade.
À noite, os comerciantes ganham a companhia de muitos artistas de rua, tatuadoras de henna e a bagunça fica ainda maior!
17 – VISITAR AS TUMBAS SAADIANAS
Um sultão da dinastia Saadi, dinastia essa que governou o Marrocos entre os séculos 16 e 18, mandou construir um mausoléu para a família em Marrakech, que era capital do país na época.
Estima-se que tenham no total cerca de 60 pessoas da família sepultadas no local, que é bem pequeno e tem uma decoração interessante.
As TUMBAS SAADIANAS é mais um desses lugares que vale a visita mais pela importância histórica e rica arquitetura, já que não há muito o que ver lá dentro. A construção tem elementos como madeira de cedro e também mármore italiano.

Boa viagem 🙂
Abraços,
Melissa.