1 dia em Estrasburgo, a cidade disputada por franceses e alemães

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Um lugar onde se fala francês e também um dialeto alsaciano, inteiramente germânico. Um lugar onde arquitetura e gastronomia te deixam confuso, afinal, estamos na França, mas parece muito Alemanha. Um lugar onde a cultura francesa e germânica se fundiram com o passar do tempo.

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A charmosa Estrasburgo
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Casas em estilo enxaimel

Esse lugar tão peculiar é Estrasburgo (Strasbourg em francês), a maior cidade da Alsácia, região francesa que fica a poucos km da fronteira com a Alemanha e que foi disputada durante séculos pelos dois países.

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Muito fotogênica!

Sua história começou lá atrás, mais precisamente no século XII, quando os romanos se instalaram na região às margens do Rio Reno por considerá-la um ótimo ponto estratégico para o comércio e para criar uma fortaleza pra se proteger das invasões das tribos germânicas.

Dessa época até o século XVII muita coisa aconteceu, mas o que vale destacar – para encurtar a história – é que foi aí que a cidade, até então livre, foi unificada à França.

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Daí começa o pingue-pongue: em 1871, após a Guerra Franco-Prussiana, passou para as mãos dos alemães. No fim da Primeira Guerra Mundial, voltou para os franceses, mas durante a Segunda Guerra foi reocupada pela Alemanha. Só voltou definitivamente a fazer parte da França com o fim da Segunda Guerra.

A cada “mudança de gestão”, a população ia se readaptando e o resultado foi uma cidade muito interessante, que em 1992 se tornou símbolo da reconciliação européia, uma vez que passou a ser sede do Parlamento Europeu, ao lado hoje de Bruxelas e Luxemburgo.

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Parlamento Europeu – Crédito foto: politicheeuropee.it

Apesar de ser a maior cidade da Alsácia, é uma cidade pequena, que pode ser visitada durante 2 dias pra fazer tudo com muita tranquilidade, ou um bate-volta à partir de Paris.

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Ruelas de Estrasburgo

Diversos trens de alta velocidade saem diariamente da Gare de Paris-Est rumo à Estrasburgo, e em apenas 1h50 você chega nessa linda cidade, que parece ter saído de um conto de fadas!

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No nosso caso, optamos por sair de Paris num sábado de manhã bem cedo e aproveitar o dia todo em Estrasburgo. No fim da tarde pegamos outro trem para Colmar (TGV: 30m), uma cidade bem pequena e muito linda, também na região da Alsácia.

Clique aqui pra ver como foi nossa visita à Colmar.

Nós aproveitamos com muita tranquilidade o passeio pelas duas cidades, e é uma opção a ser considerada!

Confira aqui as passagens de trem para Estrasburgo. (Dica: você pode comprar a passagem na hora, mas o ideal é comprar com alguns meses de antecedência, assim garante um bilhete muito mais barato).

NOSSO ROTEIRO DE 1 DIA EM ESTRASBURGO

Chegamos em Estrasburgo por volta das 9h da manhã de um sábado gélido, fazia cerca de -7 graus!!!

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Gare de Estrasburgo

Além disso, uma das atrações que queríamos visitar fecha as 12h30 aos sábados, que é a CAVE HISTORIQUES DES HOSPICES DE STRASBOURG, uma adega que funciona no subsolo do hospital municipal da cidade, construída entre 1393 e 1395.

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Loja da Cave Historiques des Hospices de Strasbourg

Resolvemos então ir direto pra cave! Ao invés de ir andando (cerca de 25m), como planejado, resolvemos pegar o tram na frente da Gare (Tram A ou D), porque além dessa atração ser a mais afastada das demais, estava muito frio.

Além de comprar uma garrafa de vinho da região, você pode tentar agendar uma visita guiada ou simplesmente fazer como nós, chegar lá e fazer a visita livre, que é gratuita.

Não tem lá muita coisa pra ver, mas eles guardam um verdadeiro tesouro: o vinho mais antigo do mundo, um vinho branco de 1472.

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O vinho mais antigo do mundo!

Da cave fomos andando sentido Catedral de Notre Dame de Estrasburgo, e no caminho tem algumas opções bem interessantes de museu, caso você decida incluir um no seu roteiro.

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E no caminho há também um lugar mais lindo que o outro pra tirar foto…

Uma opção é o PALAIS ROHAN, um dos prédios mais bonitos da cidade, que abriga três museus: o Arqueológico, que abriga relíquias ainda da época dos romanos, o de Artes Decorativas e o de Belas Artes.

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Palais Rohan

Outras opções de museus no caminho são o MUSÉE HISTORIQUE DE STRASBOURG, que conta a história da cidade e o MUSÉE ALSACIEN, que é um museu de artes e tradições populares da região.

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Nós decidimos ir direto para a catedral, que é de deixar qualquer um com o queixo caído!

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A majestosa Catedral Notre Dame de Estrasburgo

Concluída em 1439, totalmente em estilo gótico, a NOTRE DAME DE STRASBOURG foi a igreja mais alta do mundo até 1880 (hoje é a quarta).

Além da construção magnífica, no seu interior abriga um relógio astronômico famoso e tem vitrais lindíssimos, que só sobreviveram à Segunda Guerra porque a população os desmontou e escondeu numa mina antes da guerra chegar lá.

Se quiser ter Estrasburgo aos seus pés, pode pagar pra subir no terraço da catedral, de onde terá uma vista panorâmica da cidade.

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É preciso subir pouco mais de 300 degraus pra alcançar o terraço com vista panorâmica

Como estava muito frio, a gente trocou a vista panorâmica por um chocolate quente no SALON DE THÉ CHRISTIAN, a poucos passos da catedral.

Um pouco mais aquecidos, passamos a explorar as ruas entre a catedral e o canal, onde há bastante comércio e prédios lindos.

Um dos mais famosos pelo seu charme e rica arquitetura é a MAISON KAMMERZEEL, onde funciona hoje um hotel e restaurante.

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A Maison Kammerzeel é a de telhado triangular na foto, nas cores marrom e laranja.

Depois fizemos um dos passeios mais procurados da cidade, o BATORAMA, um tour de barco (quentinho!) que sai do Embarcadouro Palais Rohan, próximo à catedral, que relata a história e diversas curiosidades sobre a cidade enquanto cruza o rio. Tem opção de aúdio em português.

Existem dois circuitos, o “Strasbourg, Grande Île, que dura 45 minutos e vai somente até a região da Petite France, onde há eclusas que se abrem e fecham quando os barcos passam e fazem a alegria dos turistas…rs. Esse circuito é oferecido somente de março a dezembro.

E o “Strasbourg, plus de 20 siècles d’histoire”, que dura 1h15, pois além de ir até a Petite France e atravessar as eclusas, volta e vai até um bairro mais afastado e moderno onde situa-se a sede do Parlamento Europeu. Esse circuito é oferecido o ano todo.

Eu recomendo o de 1h15, pois apesar de ser interessante passear de barco pela Petite France, esse é um lugar que você vai passear a pé de qualquer forma, diferentemente do bairro que abriga o Parlamento Europeu.

Depois do barco fomos almoçar no restaurante ZUEM STRISSEL, que é bem avaliado no App Foursquare e tem um bom preço.

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Tarte flambée – prato bem típico da Alsácia. É uma massa fina coberta com creme fresco, cebola e bacon. Pedi a opção gratinada, que leva queijo. Delícia!

Se você for mais gourmet, uma opção é fazer uma reserva no restaurante AU CROCODILE que tem uma estrela Michelin e por isso é o mais famoso da cidade!

Na parte da tarde caminhamos até o bairro PETITE FRANCE, região da cidade recortada por canais e cercada por casas lindas coloridas em estilo enxaimel.

A Petite France é o bairro mais pitoresco de Estrasburgo, lindo de todos os ângulos!

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Petite France

Era nessa parte da cidade que durante a Idade Média os artesãos se reuniam pra trocar mercadorias.

Se quiser fazer umas comprinhas ou tomar um café, uma boa opção é a GRAND RUE, grande rua de comércio localizada na margem direita da Petite France sentido Barrage Vauban. Fizemos mais uma parada lá pra fugir do frio e comer uns doces alsacianos.

De volta à Petite France, caminhando por suas ruelas, você chegará até as PONTS COUVERTS (pontes cobertas), conjunto de três pontes e quatro torres construídas entre 1230 e 1250 para proteger a cidade de ataques.

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Ponts Couverts

As pontes que cruzam os quatro canais que dão acesso ao bairro histórico Petite France, ficaram conhecidas por esse nome, pois na época eram fechadas com um telhado de madeira, que servia para defender os militares que ficavam lá à postos em tempos de guerra.

Por volta de 1690 as ponts couverts perderam sua função de defesa, já que foi construída a BARRAGE VAUBAN, conhecida no passado como Grande Eclusa.

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Barrage Vauban

O objetivo dessa construção era também de proteger a cidade de possíveis ataques pelo rio. Caso houvesse uma ameaça, o sistema da barragem permitia elevar o nível da água para proteger a cidade dos invasores.

Hoje a Barrage Vauban funciona como terraço, aberto diariamente das 8h30 as 16h. A gente não se atentou ao horário e deu com a cara na porta…rs. Vale a pena então se programar pra chegar lá um pouco antes das 16h, pois dizem que a vista de lá de cima é linda!

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Interior da Barrage Vauban – é possível atravessá-la toda

Esse é um bom lugar para estar no fim da tarde, porque a paisagem que já é linda,  fica ainda mais incrível com o pôr do sol.

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Fim de tarde em Estrasburgo
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Estrasburgo

Da Barrage Vauban pra estação de trem são apenas 10 minutos a pé.

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Bon voyage 😉

Melissa

3 comentários Adicione o seu

  1. Silena disse:

    Adorei seu relato !!!!! Sem mi mi mi !!!!! Bem claro é bem focado !!!!! Obrigada e parabens!!!!!! Silena.vidigal@yahoo.com.br
    Tenho interesse em conhecer !!!!
    Poderia me sugerir outras cidades no sentido indo p Itália !!!!!! Esse será meu trageto!!!!!! Saindo de Paris !!! Obrigada

    1. Melissa disse:

      Olá Silena, muito obrigada, fiquei feliz que tenha gostado! Entre Paris e Estrasburgo recomendo Reims, que é a região de Champagne! Também vale conhecer Colmar na região da Alsácia. De lá pra Itália, imagino que você vá pela Suíça…vale tentar con ever Interlaken, Berna e Lugano. Não conheço pessoalmente nenhuma delas, apenas Zurique, mas são lindas! Espero ter ajudado! Abraços, Mel

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