Com cerca de 35.000 obras dispostas em 60.000 metros quadrados, conhecer o Louvre de “cabo a rabo”é um grande desafio e extremamente cansativo.
Se você não é tão apaixonado assim por museus e obras de arte, ou se ainda vai ficar poucos dias em Paris e não pode gastar horas e mais horas andando no Louvre, esse post vai te ajudar a conhecer algumas das principais obras do museu e a otimizar sua visita!
A sugestão desse trajeto é proposta com base nas rotas sugeridas pelo próprio Museu do Louvre para conhecer as principais obras de arte e nas minhas visitas ao museu.
A primeira dica é náo entrar no museu pela famosa pirâmide, pois a fila é sempre enorme. O ideal é entrar pelo Carrousel du Louvre, que é um conjunto de galerias com lojas e restaurantes e onde tem a pirâmide invertida que ganhou fama com o filme Código da Vinci, de Dan Brown.

Se estiver indo a pé para o museu, tem um acesso ao Carrousel du Louvre no número 99 da Rue Rivoli e se estiver indo de metrô, desça na estação Palais-Royal-Musée du Louvre – linha 1 e siga as placas do museu (muito cuidado com os “batedores de carteira” na linha 1 e também dentro do museu).
Com o Museum Pass você não pega fila e entra direto no museu, caso contrário, pode comprar o ingresso nos diversos guichês no saguão ou ainda nas máquinas automáticas. Nesse mesmo espaço tem um guarda-volumes gratuito super seguro e prático, já que você mesmo guarda suas coisas no armário que funciona com senha.
Aproveite para pegar no saguão um mapa do museu e tente se familiarizar com as alas. Clique aqui para ver a versão em pdf – português.
Nosso trajeto começa na ala Sully. No térreo dessa ala, siga em direção às Antiguidades Gregas e você vai chegar na primeira obra do percurso, a Vênus de Milo (Sala 16).
1 – AFRODITE, conhecida como Vênus de Milo
A escultura de Afrodite foi descoberta em 1820 na ilha de Milo na Grécia e Louis XVIII a ganhou de presente do marquês de Rivière. Ele a doou no ano seguinte ao Louvre, e desde então a escultura intrigou a todos com seu ar misterioso.
Afrodite é a deusa do amor, da beleza e da sexualidade na mitologia grega. Juntamente com Apolo, representa o ideal de beleza dos gregos antigos.

Essa escultura consiste basicamente em dois grandes blocos de mármore e é composta de várias partes esculpidas separadamente (busto, pernas, pés e braço esquerdo), fixadas com pregos verticias, técnica que era comum na Grécia.
Originalmente ela tinha peças de metal, como enfeite de cabeça, brincos e pulseira, mas hoje é possível somente ver na escultura os furos que as fixavam. Seus braços também nunca foram encontrados.
Pegue o elevador C até o primeiro andar. Vire à esquerda na saída do elevador e depois novamente à esquerda até chegar na Galeria de Apolo (Gallerie d’Apollon). Aprecie as pinturas italianas da Grande Galeria e entre na Sala 6 para matar a curiosidade, pois é lá que está a famosa Monalisa.
2 – MONALISA
Também conhecida como A Gioconda (em italiano: A sorridente), é a obra mais famosa de Leonardo da Vinci e possivelmente a mais famosa e cara do mundo.
Da Vinci inciou a pintura do quadro em 1503 e nele representou uma mulher com uma expressão mais introspectiva e pouco tímida. Seu sorriso misterioso, assim como as suspeitas de que Leonardo da Vinci quis passar mensagens ocultas através das camadas de pintura que realizou, fazem desse quadro o mais intrigante e questionador de todos os tempos.

O artista trouxe a pintura para a França em 1506, quando veio trabalhar na corte do rei Francisco I. O rei teria comprado sua obra, que ficou exposta no Castelo Fontainebleau e depois no de Versailles. Somente após a Revolução Francesa é que a obra foi exposta no Louvre.
Em 1911 ela foi roubada do museu por um antigo funcionário, e felizmente a encontraram tempos depois na Itália, quando ele tentou vendê-la. Depois disso, vários outros episódios curiosos marcaram a obra, como quando um psicopata jogou ácido e danificou boa parte da pintura e quando um boliviano a acertou com uma pedra. Em ambos as situações, a obra precisou passar por longos processos de restauração.

Após contemplar a obra mais visitada do mundo, vire-se e observe a obra O casamento em Caná do pintor Veronese.
3 – O CASAMENTO EM CANÁ (Les noces de Cana)
Essa pintura em óleo é a maior da coleção do Louvre, trabalho do pintor italiano Paolo Veronese.
A obra foi solicitada em 1562 pelo mosteiro Benedicto de San Giorgio Maggiore em Veneza e ficou pronta 15 meses depois. Ficou pendurada na parede do refeitório do mosteiro durante 235 anos, até que foi saqueada por Napoleão Bonaparte em 1797. Durante a viagem o quadro precisou ser cortado em dois para ser transportado e depois foi costurado ao chegar em Paris.

A pintura ilustra um milagre do Novo Testamento Cristão, as Bodas de Caná.
Na história, Jesus e os seus discípulos foram convidados para um casamento em Cana, na Galileia. Já perto do final da festa, quando o vinho começava a acabar, Jesus pediu que enchessem os cálices com água, e logo depois o transformou em vinho.
À direita da Monalisa, siga direto até a Sala 75 – Ala Denon, que é consagrada à pintura francesa. Siga até a sala vermelha para admirar a famosa obra de David, A Coroação de Napoleão I.
4 – A COROAÇÃO DE NAPOLEÃO E DA IMPERATRIZ JOSÉPHINE NA CATEDRAL NOTRE-DAME DE PARIS EM 02.12.1804 (Sacre de l’empereur Napoléon Ier et couronnement del’impératrice Joséphine dans la cathédrale Notre-Dame de Paris).
A imensa obra do pintor Jacques-Louis David retrata a coroação de Napoleão e Joséphine como Imperadores dos Franceses e exibe a preocupação de Napoleão com sua imagem.

Duas lendas interessantes estão ligadas a obra. A primeira é a de que Napoleão não queria ser coroado pelo Papa, presente na cerimônia, para deixar claro que seu governo representava o poder supremo na França e não a Igreja. Sendo assim, Napoleão se coroou e na sequência coroou Joséphine. Ao longo da cerimônia muitos disseram que o Papa ficou imóvel e sequer abençoou a coroação.
Num primeiro esboço, o pintor mostrava o Papa sentado com as mãos depositadas sobre as pernas. Foi quando Napoleão pediu que ele pintasse o Papa fazendo algo, para que sua imagem não ficasse completamente inútil para a história.
Outra lenda diz respeito a mãe de Napoleão, Letícia Bonaparte. Ela era contrária ao casamento de seu filho com Joséphine e não compareceu a cerimônia. Napoleão então obrigou o pintor a colocar sua mãe em destaque no centro da obra para que todos percebessem sua presença. O pintor relatou em cartas que Napoleão teria dito algo assim “Como explicar para a história que o homem que colocou a Europa de joelhos não conseguiu convencer sua mãe a estar presente em sua coroação?”
Ali próximo, no alto da escadaria, admire a escultura Vitória de Samotrácia.
5 – VITÓRIA DE SAMOTRÁCIA (Victoire de Samothrace)
Essa escultura grega quase que completamente destruída por um furacão tem um lugar de destaque no Louvre.

Ela representa a deusa grega Nice e fazia parte de uma fonte, em forma de proa de embarcação. Um arqueologista amador francês descobriu vários pedaços da obra em 1863, na ilha de Samotrácia, e os enviou no mesmo ano para Paris. Anos mais tarde encontrou numa escavação a proa da embarcação que hoje sustenta a estátua.
Após diversas análises, estudiosos acreditam que a escultura foi uma oferenda dos Rodianos para agradecer aos deuses a vitória naval de 190 A.C.
A multilação acidental da obra a tornou um ícone da Arte Ocidental e uma “obra de arte do destino”.
Ainda na Sala 75, observe a próxima obra da lista, O juramento dos Horácios.
6 – JURAMENTO DOS HORÁCIOS (Le Serment des Horaces)
Outra obra do pintor Jacques-Louis David, dessa vez encomendada pelo rei da França Louis XVI e concluída em 1784.
A pintura é uma representação da peça Horácio, do dramaturgo francês Pierre Corneille, que conta a história da luta entre Horácios e Curiácios no século I A.C.

Dizem que para evitar um derramamento extremo de sangue durante a Guerra entre Roma e Alba Longa para domínio da Itália Central, foi decidido que a disputa se resolveria num combate mortal entre três irmãos romanos, os Horácios, e três irmãos albanos, os Curiácios.
Da luta travada entre os dois grupos, dois irmão Horácios foram mortos e o terceiro fingiu fugir. Os irmãos Curiácios se separaram para encontrá-lo e foram surpreendidos por ele quando estavam sozinhos, tendo sido todos eliminados. Ao voltar triunfante para Roma, descobriu que sua irmã tinha ficado noiva de um dos irmãos Curiácio e que essa chorava ao perceber que seu amado estava morto. Ele então tirou a espada e matou a irmã, ao gritar “Assim morra todo aquele que chora um inimigo de Roma”.
Essa história inspirou o artista a fazer o quadro “Juramento dos Horácios”, para representar que o cumprimento do dever precisa estar acima de qualquer sentimento pessoal.
Volte até a entrada da sala que está (75) e veja a obra Uma Odalisca entre as duas portas.
7 – UMA ODALISCA (Une Odalisque)
O controverso pintor Ingres transpõe nessa obra o antigo tema do nu feminino num Oriente para o qual ele nunca viajou, a não ser em seus sonhos.
Ele representou esse mesmo tema em diversas obras ao longo de sua vida e privilegiava a linha do desenho, as curvas sensuais e deformava a anatomia do corpo de acordo com sua necessidade.

Essa famosa odalisca tem três vértebras a menos e o seio direito e a perna esquerda estão estranhamente ligados ao corpo. Contrastando com tais deformidades anatômicas, a pesada cortina azul e o turbante são tratados de maneira ilusionista.
Os críticos da época desprezavam o estilo singular do artista, porém o mesmo influenciou outros artistas modernos, como Picasso.
Saia da Sala 75 e siga até a 77, dos pintores românticos. À sua esquerda vai encontrar a próxima obra do trajeto, A jangada da Medusa.
8 – A JANGADA DA MEDUSA (Le Radeau de la Méduse)
Esse quadro do artista Théodore Géricault causou um enorme escândalo no Salão de 1819, pois tratava-se de uma crítica ao governo da época sobre o naufrágio da Jangada Medusa em 1816, resultado da incompetência de um capitão que havia ficado afastado das águas durante 25 anos por ordem de Napoleão e que foi compensando com o comando dessa embarcação graças ao retorno dos Bourbons ao trono.
A arrogância do capitão e as constantes discussões dele com os demais oficiais, levaram ao encalhamento do barco. O capitão e a maioria dos oficiais utilizaram os poucos salva-vidas para sobreviverem, já os demais 147 tripulantes tiveram que buscar refúgio numa jangada construída de forma precária.

A jangada ficou à deriva durante 12 dias e apenas 15 pessoas sobreviveram ao massacre, a loucura e ao canibalismo.
Volte até a sala 76 e pegue os elevadores K ou L, direção ao térreo. Saindo do elevador, siga a direita e pegue o elevador M novamente em direção ao térreo, para ver as esculturas italianas. Admire as esculturas Os Escravos de Michelangelo que estão no fundo da sala
9 – OS ESCRAVOS (Les Esclaves)
São raríssimas as obras de Michelangelo conservadas fora da Itália. No Louvre estão expostas duas esculturas que foram presenteadas ao rei da França pelo florentino Roberto Strozzi, que as recebeu do artista em pessoa.
Elas pertencem a um conjunto de obras (as demais estão expostas no Museu de Florença) destinadas na época a decorar a tumba do papa Júlio II, um projeto que começou gigantesco mas foi modificado diversas vezes e foi finalmente simplificado.

As possibilidade de interpretação dessas esculturas são muitas: símbolos das paixões vencidas, da alma presa ao corpo ou ainda das nações submissas à autoridade do Papa, são alguns exemplos.
O artista trabalha com um bloco inteiro de mármore, sem modelo e esculpida diretamente na pedra. Várias marcas de ferramentas deixadas nas esculturas, provam que o trabalho está inacabado. Repare na mão do escravo ainda presa ao mármore.
Saindo de lá, siga até o primeiro andar da ala Richelieu para visitar os Apartamentos de Napoleão – Sala 87. Uma opção é cruzar o saguão do museu que dá acesso a todas as alas (- 1), entrar na Richelieu e subir de escada até o primeiro andar. Se for necessário subir de elevador, utilize o P, mas que está um pouco mais afastado dos Apartamentos.
10 – APARTAMENTOS DE NAPOLEÃO
Napoleão I criou um império que desabou. Seu sobrinho, Napoleão III se tornou presidente em 1848 e proclamado Imperador quatro anos depois. Napoleão III encomendou a construção dessa ala para ligar o Louvre ao Palácio de Tuileries , que foi destruído depois no final do século XIX. Essa ala era dedicada principalmente para recepções.
A Grande Sala é típica do gosto de decoração da época, com muito luxo e conforto. Fiquei muito impressionada com essa sala, mesmo já tendo visitado o Castelo de Versailles.
O Louvre funciona todos os dias das 9hs as 18hs, EXCETO às terças-feiras e feriados nacionais. Às quartas e sextas-feiras funciona até as 21h45. GRATUITO no primeiro domingo do mês entre os meses de outubro e março.
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Fontes:
http://www.louvre.fr/en/routes/masterpieces-0
http://estoriasdahistoria12.blogspot.fr
Bom passeio,
Melissa!!!
Excelentes informações sobre as obras de arte do Louvre! Estou colocando um link do seu post em meu blog em falo sobre o Louvre. https://naviagemdeviajar.com.br/museu-do-louvre/
Olá Rafael, super obrigada pelo comentário. Vou ler seu post! Abs, Melissa