Roteiro de 2 dias na charmosa Borgonha

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São muitos os motivos para conhecer a Borgonha! Além de produzir alguns dos melhores vinhos do mundo, a região é famosa por sua sofisticada gastronomia e dona de uma herança histórica e cultural muito forte, reflexo do passado de glória que viveu até o século XV como um ducado independente da França.

Traçamos um roteiro curto de 2 dias para ser feito de carro, que nos deu mais liberdade para percorrer as pequenas estradas em meio aos vinhedos e conhecer diferentes cidades da região.

DIA 1 – DIJON

Percurso da Coruja – um passeio pelo centro histórico

Iniciamos nosso passeio no centro histórico seguindo o percurso da Coruja (Le Parcours de la Chouette), símbolo mais famoso da cidade de Dijon.

Esculpida no século XV, na lateral esquerda da Igreja Notre-Dame, a pequena coruja de 20 cm é um amuleto de sorte, pois diz a lenda que se tocá-la com a mão esquerda e fizer um pedido, o mesmo será atendido. Não custa tentar, né?!

Já foram tantos pedidos feitos, que a corujinha está quase irreconhecível, mas você vai achá-la facilmente, já que costuma formar uma pequena fila ao lado dela.

Sendo então o grande símbolo de Dijon, a cidade criou um divertido percurso pelo centro histórico com setas douradas que contém o desenho de uma corujinha. Essas setas levam os turistas aos 22 principais pontos turísticos da cidade e o tempo do percurso varia muito de acordo com o ritmo de cada um, mas é possível fazer em 1h30.

Para facilitar o percurso é preciso adquirir um guia que mostra o trajeto e contém informações sobre cada ponto turístico do percurso.

O guia pode ser adquirido em formato de livreto no Office de Tourisme de Dijon (tem um ao lado da estação de trem e outro no centro da cidade – 11, Rue des Forges), que custa 3 euros. Outra opção é baixar o aplicativo do percurso no celular, que custa 3 dólares. Ambas opções estão disponíveis em língua portuguesa.

No Office de Tourisme também é possível adquirir o Dijon City Card, que vale super a pena! Custa 12 euros e inclui duas visitas guiadas pela cidade, o livreto do percurso da coruja, passeio de Segway pelo centro histórico e entrada em museus.

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Office de Tourisme – Dijon

Mercado Les Halles

Depois dessa caminhada, fomos conhecer o mercado local Les Halles, que já abrigou um antigo monastério do século XIV.

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Mercado Les Halles – Dijon

Lá estão reunidos diversos comerciantes, há muitos produtos locais e um bar bem simpático, o La Buvette du Marché, onde as pessoas comem petiscos comprados no mercado, acompanhado de um bom vinho da região servido pelo bar.

O Les Halles funciona às terças, quintas , sextas e aos sábados até as 14hs.

Passear pelas vinícolas e Degustação de vinhos

Uma vez na Borgonha, conhecer as vinícolas da região é passeio obrigatório, afinal é lá que são produzidos alguns dos melhores vinhos do mundo.

Ao longo da estrada N74, ao sul de Dijon, estão as duas áreas vinícolas mais importantes da Borgonha: a Côte de Nuits e a Côte de Beaune. Juntas, formam a Côte d’Or, uma alusão ao solo dourado.

São ínumeras as possibilidades para descobrir os vinhedos da região e conhecer mais sobre a arte de fazer vinhos. Existem tours de bicicleta, de carro, de meio período, um dia inteiro, enfim, opções não faltam. O importante é reservar o passeio com antecedência.

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Borgonha

Tentamos reservar o tour Burgundy com a empresa Authentica (duração: 3hs), que oferece degustação de vinhos numa grande cave, acompanhado de queijos e chocolates e depois degustação numa vínicola menor, mais familiar. Infelizmente eles já não tinham mais lugares disponíveis para esse tour na data que estaríamos na cidade. Clique aqui para conhecer todos os tours da Authentica.

Optamos então por um tour com a empresa Wine & Voyages (duração: 2hs30), para percorrer os vinhedos de carro e fazer degustação de vinhos numa cave (Maison Moillard).

O atendimento da empresa é impecável, e recebemos muita atenção, pois naquele dia éramos só nós dois no tour. O Christopher, que nos conduziu no passeio, nos deu muitas informações sobre a região e várias dicas interessantes do que fazer na cidade.

Apesar de termos gostado, nós já havíamos feito passeio de bicicleta pra conhecer vinhedos de uma outra região da França, e achamos a experiência mais interessante. O Office de Tourisme de Dijon também reserva passeios pelos vinhedos.

Provar a famosa mostarda da Borgonha

Exista uma famosa expressão francesa que diz “La moutarde me monte au nez”, que significa ao pé da letra “A mostarda sobe ao meu nariz”, referência a sensação de picância quando ingerimos uma mostarda de boa qualidade e também para exprimir um estado de raiva.

Essa mostarda de qualidade sempre foi associada à cidade de Dijon, pois foi lá que esse antigo condimento atingiu a perfeição.

Inicialmente ela era produzida somente com os grãos de mostarda da região da Borgonha, mas com as mudanças na agricultura e o crescente desaparecimento dos pés de mostarda da região, os produtores tiveram que procurar outros fornecedores, sendo o Canadá o maior deles atualmente. Sendo assim, o nome “Dijon” no rótulo não garante mais que a mostarda foi produzida na cidade.

Mas uma excelente alternativa quando estiver na cidade para provar de fato um produto local, são as mostardas da empresa familiar Fallot. Eles existem desde 1840 e junto com outros produtores membros da associação “Moutarde de Bourgogne”, decidiram recriar mostardas feitas somente com ingredientes da região e fabricadas com os tradicionais moinhos de pedra, que garantem o sabor picante! Bota picante nisso…rs

Na cidade de Beaune, a cerca de 45 km de Dijon, é possível fazer um tour pela fábrica da Fallot, com direito a degustação de mostardas. Nós não fizemos esse passeio, mas conhecemos a loja em Dijon, que é super bonita e tem ínumeras opções de mostarda, inclusive mais interessantes e baratas do que a concorrente Maille, que tem loja também na cidade.

A loja da Fallot em Dijon fica na Rue de la Chouette (em frente ao número 10 do percurso da Coruja).

Provar o tradicional drink Kir

Já ouviu falar do drink Kir? É uma bebida aperitiva tradicional da Borgonha, à base de creme de cassis e de vinho Aligoté (vinho branco), que recebeu esse nome por causa do ex-prefeito de Dijon Félix Kir, que queria promover os principais produtos locais da região.

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Kir no bar Caveau de la Chouette

Com o passar dos tempos, o drink ganhou outras versões, como o Kir Royal, no qual o vinho branco é substituído pelo champanhe.

Para provar o tradicional Kir, um morador de Dijon nos indicou o bar Caveau de la Chouette (Endereço: 39 Rue des Godrans). Além do ambiente ser super agradável, o drink é uma delícia!

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Bar Caveau de la Chouette

Se deliciar com a gastronomia local

A região da Borgonha também é famosa por suas delícias gastronômicas e um dos pratos mais tradicionais é o boeuf bourguignon, à base de carne vermelha e vinho tinto da região.

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Boeuf bourguignon

Uma outra delícia são as sobremesas a base de cassis (groselha-preta), fruta típica da região.

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Torta de cassis

DIA 2 DIJON – BEAUNE

Palais des Ducs e Musée des Beux-Arts 

O lindo Palácio dos Duques é a construção mais importante da cidade. Para fazer uma visita guiada, é preciso reservar os lugares pessoalmente no Office de Tourisme de Dijon.

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Palais des Ducs – Dijon

O Museu de Belas Artes está localizado dentro do palácio, e apesar de boa parte do museu estar fechado para renovação, vale muito a pena a visita, que é gratuita. Seu acervo conta com diversas pinturas e esculturas dos períodos da Idade Média e do Renascimento.

O grande destaque do museu são os mausoléus dos duques, lindamente decorados com esculturas do artista flamengo Claus Sluter, representando monges em oração.

Subir na Tour Philippe Le Bon

Essa torre do século XV, localizada no Palais des Ducs, foi construída pelo duque Philippe, o Bom, para demonstrar ao povo sua riqueza e poder.

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Tour Philippe Le Bon – Dijon

Do alto dos seus 46 metros (316 degraus), se tem uma vista privilegiada da cidade e dos lindos telhados coloridos de algumas casas, de estilo gótico flamboyant, que indicam que alguém importante morou lá.

Para subir é preciso fazer reserva pessoalmente no Office de Tourisme. O ticket custa 3 euros por pessoa e a visita é acompanhada por um guia.

Dirigir até a charmosa Beaune pela rota dos Grands Crus

A pequena cidade de Beaune está a 45km de Dijon e é conhecida como a capital do vinho. O centro antigo da cidade é formado por ruas estreitas, muitas caves de vinhos, restaurantes, bares e é parada obrigatória na Borgonha.

Para chegar lá, evitamos o caminho mais rápido e preferimos pegar a estrada N74, que não é pedagiada e passa pela rota dos Grands Crus, melhores vinhedos da Borgonha.

O visual é muito bonito, e olha que fizemos esse trajeto embaixo de chuva, imagina com sol!

Destaque para o Domaine de la Romanée-Conti, que produz um dos vinhos mais cobiçados e caros do mundo. Dizem que o sucesso do vinho é o cuidado meticuloso em todas as etapas do seu processo de produção. Como a produção é feita num terreno de apenas 1,8 hectares, são feitas cerca de apenas 6000 garrafas por ano e cada uma custa em média 10.000 euros!!!!!!!!!!!!!!!

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Domaine de la Romanée-Conti

Conhecer os produtos locais do mercado de Beaune 

É um mercado pequeno, próximo ao Hôtel-Dieu, repleto de produtores locais vendendo seus queijos, vinhos, iogurtes, molhos e muito mais. Compramos lá o famoso pain d’épices da Borgonha, uma espécie de pão de mel com especiarias.

Uma outra opção para comprar o pain d’épices é na loja Mulot & Petitjean. Em Beaune eles estão instalados na 1 Place Carnot. Em Dijon eles tem outras três lojas, sendo que somente uma delas abre aos domingos até as 13hs: 16 rue de la Liberté.

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Mulot & Petitjean – Dijon

Hôtel-Dieu/ Hospices de Beaune

O Hospices de Beaune é um dos lugares mais bonitos para se conhecer na Borgonha. Mas calma, você não estará visitando um antigo hospício…rs Hospices quer dizer Hospital.

Foi fundado em 1443 como um hospital de caridade, onde trabalhavam freiras que cuidavam dos pacientes pobres. O hospital funcionou até 1971 e o prédio está muito bem conservado.

O grande destaque da construção são os telhados coloridos, em estilo gótico flamboyant, que podem ser apreciados somente pelo pátio central do prédio.

A sala mais impressionante é a Salle des Pôvres, que exibe os leitos medievais.

Há também a capela, a farmácia, a cozinha, a sala das freiras, assim como a exposição de diversos objetos médicos utilizados na época.

São expostas também algumas obras de arte e lindas tapeçarias.

O ingresso custa 7,50 euros e está incluso audioguia, que é muito completo.

Quando e como ir à Borgonha?

Tanto Dijon, quanto Beaune, são cidades pequenas, e aos domingos quase todos os comércios estão fechados. Esse roteiro foi feito por nós durante um final de semana e nos surpreendemos com a escassez de comércios abertos no domingo, principalmente em Dijon. A maioria dos museus fica fechado as terças-feiras.

Dijon fica a apenas 1h40 de TGV (trem de alta velocidade) de Paris, saindo da Gare de Lyon. Se a ideia é fazer somente um bate-e-volta à Dijon, é a melhor alternativa de transporte.

Porém para passear por Dijon e Beaune em dois dias, sugestão do nosso roteiro, a melhor opção é alugar um carro. São 3hs de viagem, mas a vantagem é a liberdade de percorrer a região no seu tempo.

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Boa viagem,

Melissa 🙂

 

 

3 comentários Adicione o seu

  1. Juliana disse:

    Sensacional. Parabéns minha linda! Vamos divulgar isso! Logo vou te visitar. Bjbjbj

  2. Renata Angeli disse:

    Não sei o seu nome mas gostei muito do seu relato.
    Vou estar na Borgonha em Outubro e vou aproveitar muitas das suas dicas .
    Você sabe se existe tour em Espanhol ?

    1. Melissa disse:

      Olá Renata, meu nome é Melissa. Agradeço muito pelo seu retorno, fico feliz que as dicas foram úteis para o planejamento da sua viagem! Essas empresas que mencionei no post, a Authentica e a Wine and Voyages oferecem tours apenas em inglês e francês. Nos passeios oferecidos pelo Office de Tourisme de Dijon também. Boa viagem, abs. Melissa

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